Estou sentado no palco, a poucas horas do mega-espectáculo do “rei” Roberto Carlos. Não me acusem de piroso, mas para mim ele continua a ser o “rei”, um verdadeiro “quebra-corações” que canta e encanta pelo mundo inteiro. Imaginem só: estou no local onde ele vai dar o espectáculo… e tenho o prazer de o conhecer pessoalmente, pois ele estava no mesmo hotel que eu – um cinco-estrelas-luxo integrado num “resort” com quatro magnificas unidades hoteleiras – e inclusivamente ficava hospedado no mesmo andar, uns quartos mais ao lado.
Roberto Carlos chegou de helicóptero, com grande aparato, ali bem perto da praia privativa onde me encontrava. Pouco tempo depois encontrei-o no bar do hotel, onde pude conversar pacatamente durante duas horas com um homem excepcional, por sinal excelente conversador. Mostrei-lhe que sentia por ele uma grande admiração e que conhecia grande parte da carreira dele, praticamente toda a discografia. À medida que o tempo passava, ele foi ficando cada vez mais descontraído, contando pormenores sobre a sua vida e a sua carreira, como o detalhe de se vestir integralmente de branco nos seus espectáculos – algo que acontece desde a morte de sua mulher, no que ele considera ser a justa homenagem à sua memória.
Só vos posso dizer que eu estava absolutamente rendido à personalidade deste bom cantor, capaz de duas horas de conversa tranquila, mas muito rica, por certo fruto de uma vida cheia de experiências que o enriqueceram e que agora servem para enriquecer também um pouco todos aqueles que – como eu – têm o privilégio de travar conhecimento com ele. É o “rei”, sim. De pleno direito.
O Roberto Carlos percebeu que eu sou um “bon-vivant” e disse que tinha sido uma conversa agradável. Tão agradável, na verdade, que acabou por me fazer um convite irrecusável: assistir ao grandioso espectáculo que ele ia dar na Costa do Sauípe, acompanhando o seu “staff” e partilhando com ele os momentos antes, durante e depois do concerto. Irrecusável! Só que… tudo ia acontecer depois de eu embarcar de volta para Lisboa! Mas que falta de sorte!
Desdobrei-me em telefonemas para a TAP e para a Varig (que bela conta de telemóvel!!) para adiar o meu regresso mas os voos seguintes estavam todos completamente lotados e que seria impossível encontrar-me um lugar. Fiquei triste, obviamente, e dirigi-me de novo até perto do “rei”, para lhe explicar a situação. Ele ficou triste, também, porque teria feito muito gosto em que o acompanhasse no espectáculo.
Acabei por não o ver actuar, mas estou certo certo que guardo uma memória ao alcance de poucos: privar com Roberto Carlos, em toda a sua dimensão de artista, na sua pacatez de homem e na excelência da sua personalidade.
P.S. – Não assisti ao espectáculo do “rei”, mas vi ao vivi a Ivete Sangalo, a ex-vocalista da Banda Eva!